José Roberto Cardoso (Professor
da Escola Politécnica da USP)
O ambiente das escolas de engenharia é
o termômetro indicativo do desenvolvimento nacional. Na
década de 70, época do milagre econômico, quando no Brasil tínhamos algo em
torno de 250 cursos de engenharia, dos quais 150 públicos, a temperatura
associada era elevada, tal era o grau de agitação da profissão em face do
acelerado desenvolvimento industrial da época. A procura por um curso de
engenharia pelos jovens era grande, e a qualidade dos cursos era alta, pois
estava parametrizada no nível de qualidade das escolas tradicionais de
engenharia, dentre as quais incluo a Escola Politécnica da USP, a Escola de
Engenharia da UFRJ, o ITA, fonte de inspiração da Faculdade de Engenharia
Elétrica da Unicamp, a FEI e a Mauá, entre outras. Proliferava o emprego
estatal sem concurso, e os grandes projetos eram os de infra-estrutura básica,
tais como: Ponte Rio-Niterói, Metrô de SP, infra-estrutura básica de
telecomunicações, Complexo Urubupungá e Angra dos Reis. Investimentos em
tecnologia de ponta também foram observados, todos com apoio total
governamental, tais como o Bandeirante da Embraer, o Patinho Feio da Escola
Politécnica da USP e o Proálcool.
A maioria de nossos empresários
ficou fora desses investimentos e, por essa razão, poucos tiveram continuidade.
As grandes cabeças da engenharia se destacavam por suas "sacadas"
construtivas, que levavam a economias sensíveis para a construtora, nem sempre
para o Estado, nosso grande investidor daquela época. Apesar de ser o país que
teve o primeiro metrô do mundo controlado pela eletrônica de potência e a
primeira grande transmissão de energia elétrica em corrente contínua devido a
Itaipu, nossa participação nesses empreendimentos era apenas na montagem e na
realização de alguns estudos associados. Não participamos - e não tínhamos
condições para tal - dos projetos e construção dos principais equipamentos
constituintes do sistema. Nossos empresários da indústria de informática,
apenas para dar um exemplo, não tinham interesse em investir em tecnologia de
ponta, preferindo continuar se refestelando da reserva de mercado da informática, que tornou o
nosso país um campo de caça liberado para empresários desse setor e pouco ou
talvez nenhum benefício trouxe, pois as promessas e compromissos assumidos com
a implementação dessa reserva não foram cumpridos.
Acabava de ser instituída a
"lei de Gerson" no mercado. Tivemos também uma grande promessa de
desenvolvimento da indústria microeletrônica, o qual não se consolidou, mas que
poderia tornar nosso país o "tigre do Cone-Sul" se nossos dirigentes
tivessem adotado um viés tecnológico e não apenas econômico à sua gestão.
Tudo virou pó a partir disso.
Nosso submarino nuclear, nossas usinas nucleares, nosso metrô foram definhando
por duas décadas praticamente. Deixamos de pensar em tecnologia e passamos a
valorizar o "pé-de-boi", "dar um jeitinho" passou a ser
ciência (ou ainda é!) e nossos salários foram lá embaixo, e alguns engenheiros
viraram suco.
O pior reflexo dessa fase foi a
imagem que a engenharia passou para os jovens, sobretudo aqueles do ensino
médio. A engenharia deixou de ser uma profissão nobre a que muitos aspiravam
ter, para ser uma profissão de desempregados, profissionais mal-remunerados,
responsável pela agressão do meio ambiente e associada à corrupção.
O país deixou de investir em
tecnologia, de modo que a tecnologia e a inovação saíram do cenário de incentivo
governamental quando ainda não tínhamos uma estrutura empresarial sólida para
sustentá-la. Como agravante, nosso ensino médio foi abandonado. A baixa
remuneração afastou da profissão os profissionais da área tecnológica. Assim,
os professores de física, matemática e química, vetores de incentivo juvenil à
carreira tecnológica, preferiram procurar emprego em carreiras mais bem
remuneradas a ser um professor de ensino médio do estado, mal pago e
não-respeitado.
Estima-se que no Brasil faltam 80 mil professores de física e
matemática e 50 mil professores de química, isto é, temos algo em torno
de 130 mil profissionais ensinando física, química e matemática que não
entendem nada de física, química e matemática, e transformam essas três
disciplinas em um "bicho-de-sete-cabeças" que afasta nosso jovem de
uma carreira centrada nessas três disciplinas. Para se ter uma idéia desse
agravante, apenas 8% de nossos concluintes de 2002 provinham da engenharia e
áreas próximas e 40% da área de ciências sociais. Além disso, dos estudantes
que optam pela carreira de engenheiro, mais de 50% deles abandonam o curso até
o final do segundo ano devido à má-formação em exatas ou dificuldades
financeiras, agravando ainda mais nossa moribunda engenharia. O Brasil comporta
atualmente algo em torno de 1.500 cursos de engenharia com 60 especialidades e
mais de 120 ênfases! Mais de 300.000 estudantes estavam matriculados nesses
cursos em 2005.
Cabe ressaltar que esse não é
um problema só do Brasil. Vários outros países adotaram políticas semelhantes
que levaram a um distanciamento dos jovens da carreira tecnológica. Os Estados
Unidos foram um deles, e estão pagando um preço por isso, mas essa potência,
devido ao seu poder econômico, conseguiu superar essa deficiência recorrendo
aos serviços dos países emergentes, sobretudo a China e a Índia, e aproveitando mão-de-obra dos
jovens inteligentes de outros países. O Brasil foi (e continua sendo!)
um dos países a fornecer mão-de-obra qualificada para os Estados Unidos, a
custo zero, atraída pelo elevado salário e segurança pessoal. A pressão por
mais engenheiros - pelas razões que veremos a seguir - naquele país está
exigindo a realização de programas de atração de talentos estrangeiros já no
ensino médio. Muitos de nossos jovens promissores com idade entre 15 e 17 anos
são selecionados anualmente para os diversos programas de bolsa de estudo nas high schools americanas e raros constituirão
família em nosso país. Estamos perdendo nossos gênios e não estamos tomando a
devida providência.
O NÚMERO DE ENGENHEIROS E O DESENVOLVIMENTO
O quadro a seguir mostra uma comparação da evolução dos
concluintes anuais dos cursos de engenharia dos Estados Unidos e da China no
período de 1994 a 2004.

Enquanto
o número de concluintes americanos em engenharia permaneceu (praticamente)
constante no período, o número de engenheiros formados anualmente na China
cresceu três vezes e meia.
A evolução mais surpreendente é
a coreana, que, no final da década de 70, formava 6.000 engenheiros por ano,
com um PIB comparável ao de Gana, e, em meados da década de 90, passou a formar
80.000 engenheiros por ano, segundo fontes do Fundo Monetário Internacional
(FMI). Dá para entender a razão dos países desenvolvidos ocidentais de
recorrerem aos países emergentes para instalar suas unidades de produção mais
importantes, pois lá existem engenheiros em número suficiente para atender às
exigências da produção. Mas não são apenas os asiáticos a adotar a opção
tecnológica como solução para o desenvolvimento. Países como a Finlândia, Suécia
e a remota Islândia abraçaram também essa opção e tornaram-se líderes, com
competência, em tecnologia da informação.
Um subproduto importante, que
agregará ganhos permanentes de tecnologia e, como conseqüência, de qualidade de
vida, para os países emergentes, é a tecnologia que os países desenvolvidos
passam gratuitamente para seus parceiros. É notória a evolução da qualidade dos
produtos chineses, só para dar um exemplo fruto da absorção da tecnologia do
Primeiro Mundo oriunda da prática de transferência da produção. Países como a
Suécia e a Finlândia não se aproveitaram dessa prática, visto que já eram
detentores de uma tecnologia de alto nível em algumas áreas. Nesses casos, foi
o direcionamento de investimentos para o core
knowledge da nação que surtiu
efeito.
A NOVA ENGENHARIA
Nas últimas duas décadas a
engenharia, além de mudar, conquistou novos mercados. A ênfase, que no passado
era o projeto, passou a ser a gestão. O especialista deu lugar ao generalista,
e o mercado passou a exigir do profissional qualidades que não eram exigidas no
passado, tais como: liderança, eficiência em comunicação oral e escrita,
espírito empreendedor, fluência em mais de uma língua estrangeira, dentre
outras. A única exigência que ainda permanece é a de uma sólida formação
básica, que favorece a mobilidade do profissional. Convém ressaltar que essa
formação básica deve ter um forte componente de humanidades, pois a capacidade
de trabalho em grupo deve ser esmerada para garantir uma eficiência
diferenciada em suas atividades.
Quanto aos novos mercados,
destaca-se o financeiro, que absorve boa parte de nossos engenheiros.
Critica-se muito isso, mas não existe lugar mais adequado para praticar uma
engenharia de alto nível do que o setor financeiro. Nesse campo, a versatilidade
do engenheiro, a capacidade de tomar decisões rápidas, o conhecimento de uma
matemática evoluída caem como uma luva para um profissional da engenharia bem
formado. Uma parcela
sensível dos diretores das instituições financeiras é oriunda da engenharia.
A importância que a logística
exerce nos dias atuais valorizou ainda mais a engenharia, pois uma logística
sofisticada só é conseguida com aplicações de técnicas matemáticas avançadas
apresentadas nos cursos de engenharia. Passou-se a ter engenheiros aplicando
essa técnica nos grandes supermercados, na organização de grandes eventos e em
uma série de outras atividades nunca imaginadas que pudessem ser ocupadas pelos
engenheiros. Foram esses novos mercados que induziram uma nova postura do
profissional que beneficiou toda uma categoria.
O QUE FAZER
Como já citado, dos concluintes
de curso superior no Brasil, apenas 8% deles são provenientes das engenharias,
contra 22% dos coreanos, o que mostra que a Coréia fez a opção
desenvolvimentista baseada na tecnologia e para tal investiu fortemente em uma
formação tecnológica de alto nível de sua juventude. No entanto, vão dizer que
só conseguiram isso mediante ajuda americana, o que é verdade em parte, mas a
escolha da alternativa de desenvolvimento sempre é fruto da competência de seus
dirigentes. Uma geração coreana foi sacrificada para garantir uma educação de
alto nível para os jovens e agora estão colhendo os frutos da alternativa
acertada, apesar de, na época em que a decisão foi tomada, aquele país viver
sob forte ditadura.
O Brasil precisa seguir caminho
semelhante, mas sob uma democracia, e investir pesado no ensino médio,
começando pelo professor, o qual precisa ter uma vida digna, que o insira numa
sociedade informatizada; não é possível hoje em dia ter em classe um professor
que não consegue ter acesso às informações mais importantes do momento, seja
por jornais e revistas como também pelos meios de comunicação mais
sofisticados. Esse profissional precisa ser orientado a mostrar a beleza que é
a engenharia, que constrói uma ponte de 300 metros de altura e coloca na ponta
de nossos dedos a escolha de mais de 10.000 músicas, para dar ao seu aluno mais
uma opção de escolha e não de fuga.
Algumas escolas estão muito bem
aparelhadas, mesmo as públicas, mas não há um professor capacitado para
utilizar os recursos que estão disponíveis. É comum uma sala de informática de
uma escola pública do ensino médio permanecer trancada o tempo todo por não ter
alguém com competência para trabalhar com aqueles recursos. Os engenheiros e as
escolas de engenharia, por sua vez, precisam se aproximar das escolas do ensino
médio, seja ministrando palestras, seja ajudando na formação do professor, só
assim conseguiremos reverter esse cenário que forma mais de 90.000 bacharéis de
direito por ano contra menos de um terço disso de engenheiros no mesmo período.
A sociedade civil está fazendo
sua parte. A CNI, em conjunto com a Abenge, as universidades e algumas outras
instituições, dentre as quais destaco o CNPq e a Capes, e com apoio decisivo da
Finep, conceberam os projetos, denominados Promove I e II, destinados
justamente a resgatar a importância da engenharia para o desenvolvimento
nacional. Esses projetos tiveram como objetivo incentivar o relacionamento mais
estreito entre as universidades e as escolas do ensino médio, os quais, apesar
de sua importância, não tiveram todos os recursos disponibilizados aproveitados
por falta de projetos qualificados.
A Fapesp, em São Paulo, apóia
programas de aproximação de alunos do ensino médio com a universidade através
da concessão de bolsas de iniciação científica durante os períodos de férias
escolares. Convivendo com professores e estudantes de engenharia, o estudante
do ensino médio é despertado para a tecnologia e, com certeza, buscará concluir
um curso superior nessa área. Quanto a nossos dirigentes, pedem-se ações para
aumentar o número de vagas públicas nas escolas de engenharia. Precisamos
pensar em, no horizonte de uma década, multiplicar por cinco o número de vagas
nas escolas públicas de engenharia sem comprometer a qualidade. Só assim
poderemos pensar em ter um desenvolvimento real e não virtual.
Nosso país, com dimensões
continentais e desenvolvimento desigual, não pode prescindir da educação a
distância (EaD), que, com o auxílio da tecnologia e técnicas educacionais
modernas, atingiu um grau de confiabilidade que garante o aprendizado com
eficiência superior ao ensino presencial.
A PRESENÇA DA MULHER (E DAS MINORIAS) NA ENGENHARIA
Por que a procura pela
engenharia pelo sexo feminino é precária? A resposta está ligada a aspectos
culturais oriundos dos séculos XVII e XVIII, pelos quais as mulheres foram
excluídas das manifestações da ciência da época. Várias delas, como a francesa
Sophie Germain, patrona da engenharia de vibrações, precisaram utilizar
pseudônimos masculinos para conseguir impor suas idéias. Mesmo nos dias atuais,
o reconhecimento daquelas cientistas ainda é precário. Para citar apenas um
fato, a Torre Eiffel ostenta os nomes dos grandes cientistas franceses, mas não
aparece o nome de Sophie Germain, com certeza um dos maiores gênios franceses
da engenharia.
Tal prática ainda hoje tem seus
reflexos, pois condicionou a mulher a não ser atraída pela carreira
tecnológica. Em todas as profissões, há um equilíbrio entre os sexos, ao passo
que na engenharia apenas algo em torno de 15% dos estudantes são do sexo
feminino.
A mulher precisa ser informada
de que a engenharia mudou muito nas últimas décadas. A gestão passou a ser
prioritária no processo produtivo, de modo que o perfil feminino está adequado
mais do que nunca para sua prática. As engenheiras assumiram papéis importantes
nas empresas, encontramos várias delas em postos de direção, e isso precisa ser
difundido em larga escala. Na carreira acadêmica, a participação feminina tem
crescido bastante na última década, de modo que encontrar uma professora
titular (e também diretoras, como na Escola de Engenharia de São Carlos da USP)
nas escolas de engenharia públicas não é mais novidade; no entanto, o
equilíbrio entre os sexos nas outras profissões ainda não é observado nas
engenharias.
Não podemos nos manter inertes
em face dessa situação. A baixa procura do sexo feminino pela engenharia alija
nossa profissão do gênio feminino. O mundo inteiro trabalha para mudar esse
cenário. A Duke University, por exemplo, e o Effat College, da Arábia Saudita,
juntaram esforços para criar o primeiro curso de engenharia feminino naquele
país. Essa atitude reflete a preocupação da Arábia Saudita com a construção de
uma sociedade mais tecnológica do que a atual, e atesta que, para tal, a
presença feminina é fundamental.
Quanto às minorias, as
conseqüências são piores. É rara a presença negra nos cursos superiores, mas na
engenharia essa ausência é gritante. O que induz o negro que consegue escapar
do confinamento intelectual a não escolher a engenharia? É um assunto a se
pensar, pois a procura pela engenharia por aquele que foi oprimido é
desprezível, apesar de a experiência ter mostrado que o rendimento desse grupo
é dos melhores nas suas universidades.
UMA OPORTUNIDADE QUE SE ABRE
Com os acontecimentos de 11 de
setembro de 2001, as barreiras da imigração americanas cresceram
substancialmente. Como reflexo dessa atitude, aquele país deixou de ser o
destino de um contingente razoável de bons estudantes que o procuravam para sua
formação.
É notória a contribuição dos
estudantes estrangeiros para o domínio tecnológico americano, entretanto, os
pesquisadores alertam que os Estados Unidos pós-11 de setembro se tornaram um
país muito mais fechado no quesito mercado de trabalho, o que pode reduzir seu
apelo para jovens talentosos no futuro, de modo que, a persistir essa
dificuldade, a taxa de crescimento do desenvolvimento tecnológico americano
pode se reduzir, pois os gênios dos países menos desenvolvidos não procurarão
os Estados Unidos para se capacitarem.
O Brasil, que possui uma rede
de universidades públicas de alta qualidade e com uma pós-graduação
consolidada, pode ser uma alternativa interessante para esses bons alunos
oriundos de vários países menos desenvolvidos, sobretudo da América Latina. O
convívio desses estudantes com o povo brasileiro os impregnará com nossa
cultura, nossos hábitos, de modo que, em seu retorno ao país de origem, levarão
junto parte de nosso país, o que será muito útil na aceitação de nossos
produtos e serviços e estreitará nossos laços com seus países. Esse
investimento, de longo prazo, devolve em benefícios todo nosso investimento na
formação de recursos humanos qualificados de países menos desenvolvidos.
A criação de um programa de
atração de bons estudantes do exterior, com o oferecimento de bolsas de estudos
para viabilizar sua sobrevivência, poderá agregar ao Brasil um contingente
qualificado de estudantes com elevado potencial de crescimento intelectual,
cujo retorno é imensurável.
UMA PREOCUPAÇÃO MUNDIAL
A falta de jovens com interesse
na tecnologia é uma preocupação mundial, e vários países investem um volume
sensível de recursos financeiros para alterar esse cenário. Na China, houve um
acréscimo de 550% de jovens na faixa dos 24 anos que se interessaram pela
carreira tecnológica, em Taiwan, 530%, na Coréia do Sul, 495%, para citar
apenas os países emergentes. Nos países desenvolvidos o esforço mais
bem-sucedido foi o da Espanha, a qual observou um crescimento de 740% no interesse
dos jovens pela tecnologia. Dos países da América Latina, destaca-se o México,
cujas ações levaram a um crescimento de 740%. Os Estados Unidos observaram, no
mesmo período (de 1975 a 2002), um crescimento de 43% de jovens que se
interessam pela carreira tecnológica, fruto da atração do mercado financeiro.
Quanto ao Brasil, não temos esse número, mas as condições do país nos levam a
concluir que houve uma redução nesse porcentual, e agora estamos pagando a
fatura.
A ENGENHARIA E O DESENVOLVIMENTO NACIONAL
No Brasil não existe plano
nacional de desenvolvimento viável por falta de recursos humanos qualificados
na área tecnológica. Roberto Macedo já escreveu sobre esse tema várias vezes.
Seu artigo no jornal O Estado
de S. Paulo, intitulado "Mais Engenheiros Por Favor", deveria ser
"Mais Engenheiros pelo Amor de Deus".
A Petrobras anuncia
investimentos de 112 bilhões de dólares nos próximos cinco anos. Estimando-se
que para cada 1 milhão de dólares investido necessita-se de um engenheiro, a
Petrobras necessitará do concurso, direta ou indiretamente, de mais de 100.000
engenheiros! Para o setor de transporte, que acena com investimentos na casa
dos 20 bilhões de dólares, 20.000 engenheiros. A indústria automobilística
criará, com os investimentos prometidos, mais de 2.000 postos de trabalho para
engenheiros no período. Se pensarmos que apenas 40% do povo brasileiro tem
acesso ao saneamento básico, um investimento para aumentar em 10% esse índice
absorveria todos os engenheiros ambientais deste país nos próximos vinte anos.
O PAC, por sua vez, promete investimentos de 250 bilhões de dólares, aí
inclusos os 112 bilhões da Petrobras, de modo que nos próximos cinco anos o
Brasil precisará ter a sua disposição mais de 200.000 novos engenheiros, ou
seja, dez anos de nossa produção na formação desse profissional.
Por conta disso, vê-se
claramente que não há plano nacional sustentável viável na área tecnológica,
fruto do abandono nos investimentos educacionais em uma área vital para o
crescimento de nosso país.
Para terminar, passo a palavra ao MEC.
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